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* Enxergando Deus em Tudo
Publicado em: 01 de abril de 2008, 12:40:28  -  Lido 3124 vez(es)

Há quem dê vários nomes. Eu chamo simplesmente de "ver Deus em tudo".

 

Às vezes, surgem novas cores. E sei que Deus está ali.

 

Em outras, é como se as estruturas da realidade se dissolvessem, e por um
segundo eu pudesse vislumbrar aquele código por trás da Matrix.

 

Há vezes em que parece algo físico. Apenas um dos pigmentos do azulejo, ou
da colcha da cama, por exemplo, apresenta uma outra cor que o olho
humano não captaria. E então sei que a distância entre as sombras e a realidade é de apenas um simples véu.

 

Outro dia eu o vi no sorriso de uma atendente na Avenida Paulista. Não falo de metáforas: Ele realmente estava lá, e todos os frequentadores do café sabiam disso, embora não pudessem explicar.

 

E de tanto treinar, eu pude vê-lo também - juro - no brilho do olhar de minha companheira. Um único abraço, um sorriso, e me encontrei perdido: senti saudades do futuro que viveriamos a seguir. Ela pensa que me roubou para si; mas, naquele dia, tenho certeza: foi Ele quem sorriu antes para mim. Eu vi.

 

Costumo dizer que a realidade se apresenta em camadas, como cebola. Em uma de experiências mística, eu a descasquei, camada por camada, sem chegar a lugar algum. Quando entendi serem infinitas, a última das camadas se apresentou. Tudo desapareceu por inteiro, e me desesperei, na maior de todas as solidões. Mas ao invés do "nada", havia todo o universo em minhas mãos. Minha percepção do ilusório não era uma ilusão. Eu existia n´Ele, e Ele em mim.

 

Alguns encontros com Ele foram especiais, e após experiências místicas, samadhis, permaneci em graça e ágape, flutuando além da ilusão, e espalhando Sua presença a todos. Andei  pelas ruas, percebi autômatos tristes, rezei por eles. Mas após um ou dois dias abençoando postes, assaltantes e papagaios, vinha sempre uma onda densa me envolver, sem aviso prévio, dificultando meu respirar, e me trazendo de volta à mediocridade habitual.

 

Durmo agora, como os que abençoava, mas não sou mais o mesmo: trago a lembrança do "mundo" inteiro se reformatando em pesadas camadas sobre mim, fazendo minha consciência se entorpecer, para o que chamam "despertar" aqui. Me lembro também de ter dito "vou dormir outra vez". Se Ele sempre esteve em meus sonhos, e se aqui durmo, talvez sejamos também um sonho de Deus.

 

Há ainda outras vezes onde não há cores, não há camadas, não há sorrisos, não há sinais. Apenas olho para o nada, e este nada parece brilhar mais. Então, o tempo desacelera, e a consciência se faz mais presente. As cores ainda são as mesmas, a cidade é a mesma, mas tudo para, frações de segundos traduzem vidas, o amor de Deus se faz presente, ouço a música das esferas, e finalmente compreendo quanto tempo o tempo tem.

 

Não posso fazê-lo acreditar em mim, mas posso dizer, de Seu amor, que tive. Não foi crença, foi uma experiência imediata. Há sentido em tudo que passamos, e a menor lembrança que eu tenha d´Ele é suficiente para prosseguir. 

 

Sei que durmo, nesse momento, e falo mais pela memória do que pelo coração. Sei também que minha razão não pode expressar o que significou cada um desses momentos para mim. Mas já o vi em tudo, é possível, e quando não O "sinto", não O "vejo" nem O "sou"... ainda assim Eu "SEI" que Ele está em mim. 

 

Somos todos um só,

Lázaro Freire

http://www.voadores.com.br/lazaro

 

"Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta"

(Carl Gustav Jung)

 



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