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>> Colunistas > O maior inimigo do vegetarianismo é o vegetariano radical. Publicado em: 05 de janeiro de 2011, 00:49:41 - Lido 4217 vez(es) O maior inimigo do vegetarianismo é... .... o vegetariano radical! Sabe aquele tipo que desmerece quem só come carnes brancas? Que vai contra campanhas em favor de uma sutilização alimentar progressiva e de bom senso? O vegan que se acha mais "autêntico" e melhor que o seu companheiro ovolactovegetariano? Ou o ovolactovegetariano que se acha mais e melhor que o piscolactovegetariano? Aquele tipo "militante", que em vez de fazer a sua parte, prefere patrulhar o sapato de couro do outro que tentava diminuir a carne alguns dias da semana? Sem falar nos tipos paranóicos: o leitor compulsivo de letras miúdas nos rótulos de supermercados, o inconveniente que condena os chicletes dos sobrinhos lembrando que algum corante pode levar besouro, ou chato que ao invés de manter sua válida opção alimentar para si prefere estragar o almoço alheio tentando deixar as pessoas com culpa por terem comido uma gelatina. O ovolactovegetarianismo, o piscolactovegetarianismo e outras variações são opções conscientes, possíveis e inteligentes. Mas note que essa escolha pode ter diversas motivações: ecológica, espiritual, ética, compaixão pelos animais, estilo de vida mais "sustentável", dieta, busca de uma alimentação mais saudável ou "orgânica", recomendações religiosas, proibições médicas. Ou seja, o que leva um a parar de comer carne (vermelha ou todas) é diferente do motivo do outro, e portanto nunca haverá uma regra universal. Trata-se de uma opção pessoal, minoritária e consciente, que merece respeito na medida em que respeita o direito do outro em ser diferente. Entretanto, esses tipos citados - proselitistas, militantes, patrulhadores, excludentes, mau vegetarianos - parecem querer afirmar ao mundo, o tempo todo, que os esforços dos demais são sempre tolos e vãos. Afinal, atingiram o "verdadeiro" estado, que é sempre... o do proselitista em questão. O paradoxal é que esse tipo de (mau) vegetariano é na prática o mais culpado pelas mortes de animais. Ele já tem alguma consciência da questão, mas prefere usá-lá para se autoafirmar dizendo que o prato do outro é incoerente. Para esses, esforços alheios são inválidos - o que na prática significa EXCLUIR o "menos vegetariano que ele" do "seleto" grupo de "verdadeiros vegetarianos", o que acaba por fazer seus antigos colegas a voltarem às churrascarias a rodízio. Afinal, se tanto faz, se todo o esforço possível foi nulo, porquê fazê-lo? Há mais brigas em listas e comunidades virtuais de vegetarianos do que nos debates entre eles e carnívoros assumidos. O assunto é sempre o mesmo: porque o outro não deve ser considerado vegetariano, qual a hipocrisia alheia... E tome perseguição e patrulhamento: "Ahá, você mascou chicletes!", ou "Encontrei vestígio de ovos na composição da massa que você usou!". Sempre um tentando expulsar o outro da "elite" que pensa, compensatoriamente, habitar. E acabam por conseguir expulsar, sim, muitos... Como no sermão da montanha, se esforçam para "converter" uma minoria ao seu próprio radicalismo, não notam que perdem milhões - e quando conseguem um, tem nele a sua réplica, tão ou mais condenáveis quanto eles próprios. Ou seja, são eles - os vegetarianos mais proselitistas e radicais - os assassinos dos animais, pela ausência de um mínimo de inteligência emocional que o fizesse perceber que o outro, assim como todos nós, tem estágios, tempos, progressos, e costumes antigos para AOS POUCOS começar a mudar, se quiser, quando quiser. Pior ainda os que fazem disso uma espécie de guerra "santa", com abordagem quase religiosa. Esses, me abstenho de comentar. Religião já é uma merda quando feita em nome de sujeitos sensacionais como Jesus, Krishna e Buda. Imagine então o que dá quando inventam de fazer religião e fundamentalismo em nome de um prato de comida, ou da defesa de um baseado, ou pela sacralização de um chá alucinógeno qualquer. Muitas vezes, os defensores mais fundamentalistas da maconha, do daime e do vegetarianismo radical habitam a mesma pessoa. Coincidência? Quero crer, então, que a questão não seja o prato de comida, nem o alucinógeno psicotrópico favorito para fazer a cabeça de modo legal. A questão é que o sujeito, em si, era radical e fundamentalista. Se abrir mão de tudo isso, provavelmente entrará para uma dessas igrejas mais proselitistas, querendo salvar a todos com a "sua" verdade. O mal nunca é o que entra pela boca. Por fim, paradoxalmente é muito mais ecológico usar couro bovino do que sintético, plásticos e derivados. Isso porque INFELIZMENTE já são mortos quase 10 bilhões de bois (população atual) a cada no máximo 3 anos - jogar fora os subprodutos dessa matança indiscriminada infelizmente não salva a vida de nenhum. Mesmo se consumissemos apenas 10 milhões de bovinos, ou seja, e o consumo reduzisse MIL vezes, algo maravilhoso para o verde e para os animais, ainda assim teríamos muito mais couro do que precisamos. Por outro lado, produzir produtos derivados de petróleo, produtos sintéticos não-biodegradáveis consome uma quantidade gigantesca de carbono, eletricidade, etc. Couros sintéticos e plásticos destroem o planeta, na produção e após a utilização, para reproduzir mal o que estaríamos jogando fora por uma estupidez ecológica pseudo-vegetariana. O verdadeiro ecológico deveria fazer campanhas para exigir que as pessoas usem mais couro, e menos materiais sintéticos. Evidentemente, o uso de peles deve continuar a ser condenado, mas extender isso ao couro bovino é de um simplismo pouco inteligente. O lamentável, ecologicamente falando, é que além de condenar o sapato de couro alheio, estes vegetarianos mais radicais ainda condenam, como disse antes, aqueles que já comiam peixes, frangos ou menos carne vermelha, o que de fato beneficiava bastante os pastos e o planeta - independentemente da questão da vida animal, a pecuária bovina de larga escala é extremamente agressiva para o planeta, e demanda áreas que poderiam alimentar inúmeras vezes mais pessoas, caso fosse utilizadaos para a agricultura ou mesmo frangos. Como podem ver, há muita falta de discernimento nesses temas, se pararmos para (de fato) pensar. Mas desde quando religiosos fundamentalistas "pensam"? -- |
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