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>> Colunistas > Experiências Fora do Corpo e Lucidez Extrafísica Publicado em: 04 de setembro de 2006, 18:42:57 - Lido 3438 vez(es) (Conversando Sobre os Sonhos Lúcidos, Pesquisas e Provas "Cartesianas" das Experiências Fora do Corpo) - por Lázaro Freire - Outro dia, perguntaram-me no Orkut: ?Como diferenciar os sonhos lúcidos de uma projeção astral? Existiriam apenas sonhos lúcidos, uma vez que a projeção, por não ter provas científicas, parece ser mero misticismo?? Resposta: - Dentre outras, a principal forma de diferenciar os sonhos lúcidos das chamadas Experiências Fora do Corpo (EFC, projeção da consciência, viagem astral, projeção astral, desprendimento espiritual) é através do nível de lucidez. O nível de consciência pessoal é completamente diferente. No sonho lúcido, a percepção é inferior ou aproximada à da vigília; já na projeção astral, o estado de superconsciência é de tal modo SUPERIOR à lucidez de agora na vigília, que a experiência se torna inconfundível - para quem a vivenciou. Como sabe quem sonha e depois acorda mais consciente do que no estado onírico, graus superiores de lucidez conseguem, mais por experiência íntima do que por definição ou provas, constatar a existência do grau inferior. E, como sabem aqueles que já tiveram sonhos lúcidos, por mais real que esteja sendo uma experiência consciencial, sempre poderá haver um estado superior (inclusive em relação ao estado de agora, em que não estamos plenamente conscientes de todo nosso potencial). Em termos práticos: agora, na vigília, você consegue avaliar que a experiência da madrugada, menos lúcida e menos contínua, foi sonho. Mas se não acordasse nunca, seria difícil ter esta certeza, e mais ainda prová-la dentro do sonho. Do mesmo modo, um estado de hiper-lucidez é comprovável intimamente a partir dele, e o tendo, é possível até mesmo aqui perceber a diferença; assim como num sonho lúcido sabemos que há um estágio, já vivido, de consciência e continuidade, superior. Note que é uma experiência íntima, intransferível. Ter que "provar" um estado superior de consciência a quem não está nele, faz tanto sentido quanto tentar provar a um personagem de nosso sonho lúcido de que "há vida após a cama". Dar provas projetivas a quem se encontra neste grau em que estamos agora, é tão "lógico" quanto ser obrigado por um amigo de dentro do sonho lúcido a acordar para, da vigília, mandarmos um recado a ele. Aliás, esta questão das "provas" merece um maior discernimento. Se a dúvida é do outro, que não teve a experiência íntima, seria ele quem deveria procurá-la, dentro de si (pois é íntima), e não no relato e demonstração do outro. Por outro lado, todas as "provas", se houvesse, seriam refutáveis, uma vez que, como demonstrações externas de algo que ocorreu em nível consciencial, sempre poderiam ter QUAISQUER outras explicações igualmente externas. Poderíamos, entretanto, criar a partir das observações alguma teoria ou neo-ciência que explicasse o fenômeno (não basta "dar nomes"). Mas estas precisariam usar paradigmas transcendentes aos atuais, e até estas seriam sempre novas. Como tal, todas estas seriam também, por sua vez, refutáveis. E nada disso anularia a experiência de tantos que relatam ter a experiência extracorpórea, havendo ou não uma "explicação". É evidente que isto não deve desencorajar a pesquisa (de quem é pesquisador sério), mas daí à exigência, por parte de céticos, de provas dos práticos, sob pena de discussões infrutíferas, desafios e perseguições, vai distância. Alguém que não aceita a projeção astral tampouco tomará como referência a Projeciologia. Um psicanalista que admita no máximo a realidade individual, não teria motivos para se fiar em elementos coletivos ou parapsicológicos. Um médico embasado na medicina medieval tampouco atribuiria explicações das doenças a "místicos" seres invisíveis (bactérias e vírus), ainda que invisíveis apenas aos seus limitados meios de prospecção. Por uma questão de lógica, não se pode exigir uma explicação transcendente usando apenas valores do transcendido. Quanto a provas CARTESIANAS, como as pedidas (mais por céticos do que por verdadeiros pesquisadores), é pouco inteligente (e nada científico) exigi-las nestes assuntos. Isso revela, sem querer, uma mentalidade pré-quântica, atrasada, o que não é compatível com nenhuma postura realmente "científica". É bom lembrar que, até mesmo a Psicologia Junguiana (e seu inconsciente coletivo e sincronicidades) e a Física Quântica (e seus "desaparecimentos" de elétrons, supercordas e comportamento da matéria como energia), para citar apenas duas áreas populares ensinadas em faculdades tradicionais, tampouco seriam "aprovadas" por este crivo cético inquisitorial, que ainda quer ver o universo explicado pelas três leis de Newton, ou pelas dez de Jeová. Ciência não é trocar a Bíblia pela revista Superinteressante (ou menos que isso) e só aceitar como verdade o que o pastor-professor estabeleceu como já ensinável no segundo grau. O método científico não só admite a existência de coisas "além" (do conhecido), como dele DEPENDE. Tudo o que foi estabelecido era antes desconhecido; logo, é cientificamente ÓBVIO que muitas das coisas "reais" que ocorrem não têm como estar documentadas. Antes de alguém dar um nome, muito do que hoje é verdade já foi taxado como sobrenatural. Há apenas 150 anos atrás, lavar as mãos (como as freiras) para realizar partos era visto como misticismo. A gravidade é anterior a Newton; a eletricidade a Franklin. Microorganismos já existiam antes dos microscópios. E projeções astrais, também. É exatamente por isso que existe ciência, que NÃO É o mesmo que ter a "fé dogmática do ceticismo", que não deixa de ser uma opção "religiosa", que demanda a maior de todas as crenças: acreditar e apostar que NADA existe no universo além do já conhecido pelo limitado homem atual. A ironia é que o ceticismo não é apenas "fé", mas trata-se, também, de uma fé "fundamentalista", já que, devido à sua natureza, tende a ser imposta a quem "acredita" em coisas diferentes. O paradoxal é que a fé cega no racional é, como toda fé, algo irracional. Afinal, em qualquer das épocas passadas da humanidade, sempre havia algo a ser descoberto. E todos os pesquisadores de ponta, do que viria a ser ciência logo a seguir, foram tomados como hereges ou místicos, ainda que falando de coisas que poderiam SIM ser experimentáveis (de algum modo), mas JAMAIS dentro do paradigma de então. Logo, é razoável pressupor que a história não tenha acabado, e ainda haja muito a ser descoberto, com paradigmas novos tão ou mais surpreendentes do que os revelados por Giordano Bruno, Galileu, Darwin, Einstein, Jung; todos eles heréticos de algum modo. Não se pode descobrir o novo enquanto preso ao antigo. Entretanto, há uma questão mais incômoda ao ceticismo gratuito, que nem demandaria tanto discernimento assim. Praticamente um erro fundamental, maior até do que a constatação de que a ciência, assim como a história, não acabou. Trata-se da falência, já há tempos, do paradigma cartesiano para explicar todo o universo. Nem mesmo a ciência dita "acadêmica" se mantém fiel sequer ao tempo-espaço linear, como bem sabe qualquer aluno de primeiro ciclo da área de exatas. Conclusões semelhantes podem ser obtidas na área de humanas, que aplica há tempos conceitos como inconsciente coletivo, arquétipos e sincronicidades acausáveis; ou mesmo em ramos da Biologia, que admitem que pelo menos algumas espécies (como as abelhas) comportam-se como que conectadas a um ser maior do grupo, como se houvesse uma inteligência coletiva (da colméia, no exemplo), que não pode (ainda) ser provada enquanto natureza, mas ainda assim lá está. Note que a Física Quântica, e até mesmo a relatividade, baseiam-se em postulados que não podem ser "provados", e extrapolam Newton. Se nem o salto quântico do elétron que "desaparece" e muda de órbita (conceito inicial de quase toda a Física moderna) pode ser provado "cartesianamente", é "pouco inteligente" exigir hoje que justamente as questões internas e/ou conscienciais o sejam. Ciência implica estar aberto para o novo. Certas exigências de provas dentro de um tempo-espaço linear e causal, (comprovadamente incompleto por Jung e Einstein) soam como uma exigência primária de demonstrar integrais usando apenas as quatro operações, sob pena de analfabetos em álgebra interditarem a faculdade*. No mínimo, trata-se de um "mico" consciencial - mas face ao já descoberto pela ciência de ponta hoje em dia, o mico pode ser científico, também. São Paulo, 11 de maio de 2006. Notas: Nota de Wagner Borges: Lázaro Freire é meu amigo há muitos anos e, além de projetor, é um dos mais sérios pesquisadores das experiências fora do corpo no país. É o fundador da lista Voadores na Internet (a maior lista sobre temas projetivos e espirituais do planeta, com mais de cinco mil participantes ? www.voadores.com.br). Mais detalhes sobre o seu trabalho, podem ser conseguidos em sua coluna da revista on line do site do IPPB ? www.ippb.org.br. Nota do texto: * A figura de linguagem que usei me trouxe à mente agora, não de todo por acaso, o divertido caso real dos militares que, certa feita (durante a época de chumbo da ditadura militar no país ? 1964-1984), prenderam um ex-cunhado meu devido ao uso de uma incompreensível (logo, subversiva) régua de logaritmos. Explicaram-se, depois: O tal "artefato de código comunista" estava ao lado de "O Capital" (leitura obrigatória na faculdade de Filosofia que ele então cursava). -- |
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