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>> Colunistas > Lázaro Freire PROJEÇÃO OU ONIRISMO? (Faz tanta diferença assim?) Publicado em: 04 de setembro de 2006, 19:15:01 - Lido 2720 vez(es) Estou lendo, aqui na Voadores*, várias dúvidas sobre conteúdos oníricos (sonhos) na projeção. Apesar de, fenomenologicamente, haver diferenças (nem todas claras), entendo que esta preocupação não precisava ser tão grande assim. Esclarecendo melhor: toda projeção tem onirismos. E todo sonho tem seu motivo. Isso é até MECANISMO. Aliás, mesmo na vigília, o inconsciente e as sincronicidades se misturam - assim como aspectos do consciente se embaralham com os sonhos da noite seguinte - ou anterior! Ou seja: O consciente se manifesta no inconsciente, e vice-versa. As projeções extrafísicas influenciam o simbolismo dos sonhos, e ao mesmo tempo toda projeção pode (e deve) ser também interpretada pelo que pode representar. O que move os símbolos com os quais sonharia, determinam também onde você estará em sua, suposta ou não, projeção. E em menor grau, não raro estarão se manifestando até mesmo no físico, em sincronicidades ou sinais. Os limites, se é que existem, não são tão definidos assim. Ninguém está em lugar algum do físico por acaso, o que dirá em projeção. Ninguém sonha por sonhar. Tudo é uma realidade só, em graus diferentes de consciência - sem que isso tire a importância do INCONSCIENTE. É bom não esquecermos que tudo isso é Maya**, uma grande ilusão dos sentidos, uma Matrix, uma lila (brincadeira divina). Embora com isso não incentivemos paranóia, esquizofrenia ou fuga da realidade. Ou seja, tudo é Maya, mas se algum pé de Maya pisar no seu calo de Maya, vai doer e ser tão real pra você quanto um belo soco do Sr. Smith, meu caro Neo. Portanto, nunca é demais avisar que esta consciência não dispensa o CENTRAMENTO. Se você está por aqui, é porque precisa estar. Consciência SIM, cabeça nas estrelas também - mas sem perder o pé no chão. Projeção? Sonho Lúcido? Realidade? Vigília? Quem pode se dizer 100% desperto para ter tanta certeza assim? E às vezes em que você jura que acordou da projeção, levanta no quarto, tem certeza da sua vida, e logo depois acorda novamente, às vezes de forma múltipla, às vezes em outros locais? Quem pode estar tão certo assim de que não pode acordar daqui, ou, como os mestres, acordar AQUI? Quem (de nós) pode traçar esta linha tão clara assim entre sonho, projeção, supraconsciência e realidade, estando presos aqui? O que me preocupa MUITO, e me leva a escrever agora, é que, na grande maioria dos casos, é justamente nos toques considerados "descartáveis por onirismo" que residem as maiores possibilidades de CRESCIMENTO de quem faz o relato. Mesmo que o relator esteja certo, e que tenha havido uma pequena porção de lucidez e fenômeno projetivo real no meio de lembranças simbólicas. Mesmo que saibamos (na parapele e no paracoração) o quanto é maravilhoso este minuto projetivo, e o contemplar de seus cenários. Mesmo sabendo da importância destes "presentes" para que mantenhamos nossa certeza íntima no caminho. Mesmo com tudo isso, é nosso papel lembrarmos que o equilíbrio é o principal objetivo destas experiências e estudos, e dificilmente o atingiremos se jogarmos os toques que a vida nos dá, simbolicamente, via inconsciente ou sincronicidades, para a lixeira da sombra, que não queremos ver. E nem sempre são toques fáceis de aceitar, o que dirá de implementar. Portanto, JAMAIS DESCARTEM O MATERIAL ONÍRICO. Ao contrário, se possível, mantenham um caderno de anotações de sonhos e projeções, e registrem TUDO lá. Busquem os "sonhos fortes", particularmente simbólicos e/ou lúcidos, e tentem relatar, ou fazer associações. Recuperem o material onírico! Interpretem, como exercício, o sonho como possível projeção simbolizada. Lembrem-se, por exemplo, que em André Luiz*** há relatos de amparadores que tentam passar recados que só são capturados pelo assistido de forma simbólica - mas que ainda assim o conselho é ditado ao seu inconsciente. Você simplesmente não tem certeza de que o suposto onirismo não possa ser a SUA interpretação psicológica de algum toque bastante real! E vice-versa, pensem no significado da projeção como se fosse sonho e símbolo! Se sua projeção fosse um sonho, o que os mitos e símbolos dela lhe indicariam? Pense nas suas vivências "lúcidas" - no corpo ou fora do corpo - como possíveis sinais ou até mesmo repreensões voltados ao seu crescimento, evolução, individuação. Pense sempre que o personagem da projeção, ou amparador, pode também representar um aspecto seu, ou um arquétipo. Afinal, somos todos um só, não somos? Se o toque é válido, e faz com que você cresça, que diferença faz se sua mente viu como sendo dado por um mestre extrafísico austero, ou por uma projeção do superego? Se a consciência da adversidade lhe faz melhorar sua sintonia e se preservar, qual a grande importância desta consciência ter sido provocada por um "pesadelo" gerado por simbolismo da sombra no meio dos seus onirismos, por uma ex-esposa que lhe persegue no físico, por um flammer de lista de discussão, ou mesmo por um obsessor extrafísico? Somos todos um só, não somos? O importante é crescer, não é? Não podemos nos esquecer que só há UM espírito no universo. E que todas as manifestações, físicas, vibracionais, são manifestações Dele, que reside em mim, em você, na célula, na gota d´água e no oceano. E Ele faz parte de você, e você Dele. Portanto, não importa o plano em que houve a manifestação, nem o grau de consciência ali expressado por você, ou sua célula. Tudo é UM, e tudo visa a evolução. Aliás, esta consciência, parte monista, parte junguiana, de que não faz sentido descartar os sonhos das projeções se aplica também ao dia a dia daqui, onde os símbolos e sinais também se apresentam, escancaradamente, sem que notemos. Que parte de nós está falando através do toque dado pelo pai, pelo amigo, pelo "inimigo" que nos repreende, pelo parceiro evolutivo de amor a dois? O que estamos negligenciando, e em que podemos ser melhores? Parece chavão de música ou livro de auto-ajuda, e até é mesmo, mas precisa ser repetido até virar um estado de consciência: É preciso observar os sinais, perceber a energia nos acontecimentos, estar atento as sincronicidades, e ouvir a voz do coração. Se Deus é Amor, o Amor é Deus, e só Ele é o real. Nos sonhos, nas projeções, nos fatos da vida, no respirar, é preciso buscar esta essência divina, sem perdermos nem a sintonia com o Alto, nem tampouco o pé no chão. Em todo caso, se há um interesse técnico em distinguir o "sonho"(?) da projeção, para efeitos de estudo dos fenômenos projetivos e conscienciais, este se dá justamente pelo nível da consciência. E esta, por si só, já traria consigo o discernimento necessário para a correta avaliação. No corpo ou fora do corpo, quem está REALMENTE "acordado" para a suprema realidade não tem a menor dúvida de que assim o está. Será que é mesmo mais fácil ler os sinais do lado de lá (em estado assumidamente onírico), se nem aqui no físico, onde supostamente somos lúcidos, conseguimos observar onde, o que e quem está alinhado com nosso crescimento e amor - mesmo quando não é tão fácil assim? Aqui ou Lá, NADA NEM NINGUÉM É POR ACASO, ninguém está só hora nenhuma, e não são tempo e espaço que moldam as experiências da consciência. E, como conseqüência direta disso, esta divisão entre sonho e projeção não é tão importante assim. Importante, a meu ver (e ao seu também), é saber se você está crescendo com tudo isso que tem buscado. Se está mais maduro, mais centrado, mais amado, mais calmo, enfim, uma pessoa melhor. IMPORTANTE é saber se os seus estudos fizeram com que você evitasse pelo menos uma briga. Se o que aprendeu, viveu, sonhou ou construiu fez de alguém, de algum modo, uma pessoa mais feliz. Diferença IMPORTANTE é saber se esta compreensão de Maya fez com que você conseguisse ver além, até encontrar algo mais, sem nome, que está ao mesmo tempo no seu respirar, no sonho que lhe dá toques de crescimento, ou no amor amigo do amparador que se manifesta numa projeção consciente. E se consegue ver o mesmo Amor Que Sem Nome na gargalhada sincera, na prece, na reza, na brincadeira de criança, e na oração. Se percebe o mesmo brilho nos olhos úmidos de um animalzinho doméstico festejando a chegada de seu dono, no enamorado apaixonado, nos olhos do discípulo que fala de seu guru ? ou jorrando diretamente dos olhos de um Mestre que mereça o nome. Se consegue perceber, sonhando ou acordado, o que está por trás da devoção cega que faz alguém bradar seu livro sagrado, religião e mestre, até mesmo quando contra o bom senso. E se consegue ver este mesmo algo na força grandiosa das ondas, e na beleza emudecedora de um por do sol - ainda que em um sonho. IMPORTANTE para mim é perceber que tudo pode ser uma grande brincadeira divina, uma enorme ilusão de tempos, sonhos, símbolos, planos e distâncias, mas que o AMOR É REAL. IMPORTANTE para mim (e para você também), é saber se está vivendo e expressando o seu amor, em todos os níveis de consciência ou onirismo, onde quer que seus corpos se encontrem. Importante MESMO é saber se está vendo mais a presença de Deus em tudo e todos. Se os seus olhos estão brilhando. E, acima de tudo, se o que busca lhe faz, simplesmente... feliz. Amem, amem, amem... Amém! Somos todos um só, - Lázaro Freire - São Paulo, 28 de abril de 2004. "A mente precisa de graus, mas o coração não. Ou ele está iluminado... Ou não está!" - Rajneesh Osho - Notas: * Esse texto foi postado originalmente na lista Voadores da Internet (lista de discussão sobre projeção da consciência e temas espirituais, com cerca de dois mil participantes ? www.voadores.com.br). ** Maya (do sânscrito): Ilusão. *** André Luiz: Médico extrafísico muito conhecido nos meios espíritas. Ver a série de livros ?Nosso Lar?, recebida espiritualmente por Francisco Cândido Xavier. -- Lázaro Freire lazarofreire@voadores.com.br
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